Goiânia, 21 de agosto de 2022.
Deriva do bem – Cidade sem portas
"Há alguns anos fui convidado por amigos a conhecer o Deriva, mas por um motivo ou outro nunca havia me organizado a ponto de ir participar do evento.
Neste ano de comemoração dos 10 anos do projeto, fui novamente convidado e, cercado de ânimo extra de poder voltar a circular pela nossa cidade após os dois anos de isolamento, me inscrevi e participei desta edição especial comemorativa.
Nos dias 19 e 20 de agosto últimos tive uma oportunidade única de desacelerar e poder pensar a cidade. Ouvir as falas de colegas especialistas em urbanismo e patrimônio, bem como sobre as relações humanas que ocupam os espaços urbanos, foi de muita aprendizagem e descobertas. Agradeço aos amigos organizadores por mais essa experiência no currículo.A caminhada em grupo pelo centro da nossa cidade teve um gostinho todo especial, saudosista eu diria. A nossa missão era flanar por uma determinada região do bairro previamente mapeada e observar tudo, sentindo o pulsar da cidade, registrando cenas cotidianas sem pressa, de olhos e coração abertos, e registrarmos de diferentes maneiras as nossas seleções.
Após um par de horas, retornamos ao ponto de partida de nosso itinerário, o simpático Tô bar na rua 20, carregados de imagens e registros sensoriais, uma pequena jornada afetiva após sermos atravessados por múltiplos sentimentos: sabores de infância, saudades de tempos mais calmos, cadeiras na varanda, pés de frutas, passarinhos variados, vizinhos despreocupados, estudantes barulhentos, uma multiplicidade de cenas enfim, como em outras cidades, prenhes de acontecimentos, dores e alegrias, lida e descanso, tudo que compõe o quadro urbano que, muitas vezes, passa despercebido. Ao final do dia, depois de algumas horas trocando ideias e sensações com amigos variados e comemorando o projeto como deveria de ser, compreendi a razão de ter ouvido tantos elogios sobre o Deriva do bem: um momento único e especial, um convite a uma dimensão ´quase paralela´ na cidade, por onde podemos pausar e refletir sobre o espaço e a vida que desejamos, com ou sem portas, na certeza que temos escolhas e que podemos sonhar juntos."
Alexandre Badim – professor e fotógrafo