quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A desigualdade em cidades latinas tem solução?

Diferente do conceito de igualdade, a equidade nos ensina que todos precisam de atenção, mas não necessariamente dos mesmos auxílios. Por isso, através de um conceito de equidade urbana é possível manter singularidades de cada região de um munícipio, preservando sua diversidade e riqueza, mas sem esquecer as necessidades de infraestrutura que implicam diretamente desde a qualidade do espaço público até os serviços básicos que uma residência privada recebe - conceber a cidade de forma justa independente da região que recebe o investimento.

Apesar da bonita teoria, aplicar a prática desse conceito demonstra o quanto ele pode ser utópico. Fatores como as disputas políticas e de mercado, a história de cada zona, as migrações que se sucedem, a expansão demográfica e territorial. Na América Latina, onde mais de 80% da população reside em áreas urbanas, essa realidade se torna ainda mais evidente.

As aglomerações não planejadas, que tornam a estruturação de cidades ineficientes quanto ao uso de recursos produtivos e naturais, ampliam ainda mais a injustiça urbana que não fornece aos cidadãos uma qualidade de vida similar em seus espaços, influenciando até mesmo na forma como cada pessoa utiliza o seu próprio tempo. Isso ocorre pois a desigualdade atravessa questões econômicas, sendo assim, famílias de baixa renda não podem definir onde vivem de acordo com seus desejos e necessidades, sobrando como escolha apenas os endereços que o orçamento permite: distante de seus trabalhos, serviços e espaços públicos de qualidade. Por consequência, uma infraestrutura precária que não oferece bens e serviços públicos de qualidade resulta em diversas condições negativas que vão desde uma exposição à violência e áreas insalubres até um número três vezes maior de mortos durante a pandemia Covid-19. 

Em contraponto, felizmente é possível apontar projetos que conseguem trilhar possibilidades de caminhos para que uma cidade encontre sua própria equidade. Um dos exemplos mais icônicos está em Medellín que passou por um intenso processo de inclusão e transformação urbana. Ao estudar as estratégias aplicadas e resultados obtidos pela cidade colombiana - como o investimento em equipamentos públicos de educação, levar a presença do Estado para a periferia, valorizar os ambientes da cidade a partir de sua cultura e história, ampliar a mobilidade urbana e pensar nela como um espaço público de excelência.

Em busca de novos pensamentos sobre como podemos ser agentes que combatem uma estrutura que tende ao desigual e como nos enxergamos dentro dela, O Archdaily propos o seguinte exercício: Navegue pelas imagens com algumas questões em mente: Eu realmente conheço a minha cidade ou vivo apenas em espaços segregados? Quando penso no planejamento urbano, a qual cidade me refiro? Quantas cidades podem caber numa cidade? Por qual cidade eu luto? Em que espaços minha cidade é acessível? 


VIA ARCHDAILY
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Editora: Maria Karolina Milhomens

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