“O reúso do contêiner tira do descarte uma estrutura já montada, tem uma instalação menos degradante ao solo e consome menos materiais de construção, reduzindo a demanda de recursos naturais”, explica Ana Carla Fonseca, doutora em urbanismo e fundadora da Garimpo de Soluções.
Por outro lado, explica, a implementação requer mão-de-obra especializada, estudos de conforto e ergonomia, além de manutenção - fatores que podem afastar novos interessados.Em países da Europa e nos Estados Unidos, o conceito é utilizado há algumas décadas. No Brasil, no entanto, foi mais recentemente que surgiram empresas especializadas na comercialização do item e atividades de adaptação.
“A maioria dos casos que acompanhamos abrange residências individuais, de alto padrão e com projetos autorais”, sinaliza Ana Clara.
Para o arquiteto Bruno Moraes, essa alternativa de moradia atrai quem busca um estilo de vida contemporâneo e livre. “No Brasil, a gente ainda considera a residência como imóvel, não como um móvel, com a mobilidade de levar para onde quiser. Com o contêiner, você pode colocar a residência em um caminhão e transportar para outro lugar com mais facilidade”, ressalta.
Pensando nos desafios de viver em uma “casa contêiner”, tiramos algumas dúvidas com arquitetos para facilitar a elaboração de projetos.
Quais são os contêineres mais comuns?
Existem basicamente dois tipos: o refeer e o dry. Nos dois casos, existem diversos tamanhos. “Os mais comuns na construção civil brasileira são o dry de 20 e 40 pés e o High Cube. Já os do tipo refeer, não são comumente utilizados por possuírem um tipo de isolamento térmico que não é ideal para ser utilizado em um espaço habitável”, contam Bielly Cardozo, Raphael Fortuna e Rogério Tavares, sócios do Estúdio Quadra.
Cuidados em relação à construção
Um dos pontos cruciais é a localização e o acesso ao terreno: é necessário ter certeza de que a caixa de metal conseguirá ser transportada até o local em que a construção será executada, assim como o guincho responsável pelo içamento do equipamento. “O terreno não pode ter nenhuma obstrução para que o guincho consiga deslocar o contêiner, como árvores, rede elétrica e demais elementos urbanos, por exemplo”, afirmam os sócios do Estúdio Quadra.
Eles também destacam a necessidade de um tratamento termoacústico em todas as áreas. Também é importante se atentar à vedação na parede interna para evitar infiltrações.
Tempo de construção
A possibilidade de ter mais agilidade na construção é uma grande vantagem. Em média, o tempo de execução da habitação em contêiner pode ser até um terço menor quando comparada aos sistemas convencionais. Com uma equipe especializada, é viável concretizar o projeto em um prazo de 60 a 90 dias.
Valores
O preço de um contêiner pode variar entre R$ 7 mil e R$ 13 mil, dependendo do tamanho. Porém, ele precisa de uma série de reformas e cuidados até se tornar habitável e essas mudanças podem encarecer. Se esses cuidados forem respeitados, o custo do metro quadrado é de cerca de R$ 2 mil, representando um valor entre 20% a 30% menor do que uma casa de alvenaria.
Como funciona a regularização?
A casa contêiner tem a mesma tributação de uma casa de alvenaria, como explicam os sócios do Estúdio Quadra: “Há inspeção da prefeitura ou da administração regional para a regularização da casa. Sobre o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ele é calculado pela projeção da edificação, assim como qualquer outra construção, através de imagens de satélite”, dizem.
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