quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Contêiner é opção de moradia sustentável, mas necessita de cuidados especiais

Você já pensou em morar em um contêiner? Essa possibilidade pode parecer um pouco distante, mas existem pessoas desenvolvendo projetos que transformam em lar a caixa de metal tão usada em transporte de mercadorias. Além de baixos custos e mobilidade, um dos pontos mais atrativos dessa opção está relacionado à sustentabilidade.

“O reúso do contêiner tira do descarte uma estrutura já montada, tem uma instalação menos degradante ao solo e consome menos materiais de construção, reduzindo a demanda de recursos naturais”, explica Ana Carla Fonseca, doutora em urbanismo e fundadora da Garimpo de Soluções.

Por outro lado, explica, a implementação requer mão-de-obra especializada, estudos de conforto e ergonomia, além de manutenção - fatores que podem afastar novos interessados.

Em países da Europa e nos Estados Unidos, o conceito é utilizado há algumas décadas. No Brasil, no entanto, foi mais recentemente que surgiram empresas especializadas na comercialização do item e atividades de adaptação.

“A maioria dos casos que acompanhamos abrange residências individuais, de alto padrão e com projetos autorais”, sinaliza Ana Clara.

Para o arquiteto Bruno Moraes, essa alternativa de moradia atrai quem busca um estilo de vida contemporâneo e livre. “No Brasil, a gente ainda considera a residência como imóvel, não como um móvel, com a mobilidade de levar para onde quiser. Com o contêiner, você pode colocar a residência em um caminhão e transportar para outro lugar com mais facilidade”, ressalta.

Pensando nos desafios de viver em uma “casa contêiner”, tiramos algumas dúvidas com arquitetos para facilitar a elaboração de projetos.

Quais são os contêineres mais comuns?

Existem basicamente dois tipos: o refeer e o dry. Nos dois casos, existem diversos tamanhos. “Os mais comuns na construção civil brasileira são o dry de 20 e 40 pés e o High Cube. Já os do tipo refeer, não são comumente utilizados por possuírem um tipo de isolamento térmico que não é ideal para ser utilizado em um espaço habitável”, contam Bielly Cardozo, Raphael Fortuna e Rogério Tavares, sócios do Estúdio Quadra.

Cuidados em relação à construção

Um dos pontos cruciais é a localização e o acesso ao terreno: é necessário ter certeza de que a caixa de metal conseguirá ser transportada até o local em que a construção será executada, assim como o guincho responsável pelo içamento do equipamento. “O terreno não pode ter nenhuma obstrução para que o guincho consiga deslocar o contêiner, como árvores, rede elétrica e demais elementos urbanos, por exemplo”, afirmam os sócios do Estúdio Quadra.

Eles também destacam a necessidade de um tratamento termoacústico em todas as áreas. Também é importante se atentar à vedação na parede interna para evitar infiltrações.

Tempo de construção

A possibilidade de ter mais agilidade na construção é uma grande vantagem. Em média, o tempo de execução da habitação em contêiner pode ser até um terço menor quando comparada aos sistemas convencionais. Com uma equipe especializada, é viável concretizar o projeto em um prazo de 60 a 90 dias.

Valores

O preço de um contêiner pode variar entre R$ 7 mil e R$ 13 mil, dependendo do tamanho. Porém, ele precisa de uma série de reformas e cuidados até se tornar habitável e essas mudanças podem encarecer. Se esses cuidados forem respeitados, o custo do metro quadrado é de cerca de R$ 2 mil, representando um valor entre 20% a 30% menor do que uma casa de alvenaria.

Como funciona a regularização?

A casa contêiner tem a mesma tributação de uma casa de alvenaria, como explicam os sócios do Estúdio Quadra: “Há inspeção da prefeitura ou da administração regional para a regularização da casa. Sobre o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ele é calculado pela projeção da edificação, assim como qualquer outra construção, através de imagens de satélite”, dizem.

Via Casa Vogue

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