Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
E semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
Calçando de ouro a sandália velha,
Jogada no teu monturo.
[...]
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,
Descendo de quintais escusos
E se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
Amo a avenca delicada que renasce
Na frincha de teus muros empenados,
E a plantinha desvalida, de caule mole
Que se defende, viceja e floresce
No agasalho de tua sombra úmida e calada."
(CORA CORALINA, Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais, 1965)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários são bem vindos.
Desde que não sejam comentários anônimos.