O que eu concluí derivando
"Eu sou na vida
Eterna entusiasta e suspeita
Para justificar inspirações
Com ternas manhãs de sol
Claras, raras e estreitas.
A verdade a qual me veio
Mais como pontadas de intuição
E menos como pedidos de oração
Dizia que estava ali para observar
Cada pedra emboscada no meio
Se meus olhos não me dissessem
Se meu coração não gritasse
A cada curva um novo impasse
A alma seria sempre a mesma
A minha, a sua e a da rua
Foi andando e abraçando
As jazidas dos meus sensos
As graças dos meus espantos
Que não pedi para me perder
Que não hesitei em me desprender
Perdi um medo no caminho
Deixei que o lápis ganhasse vida
Vi que não fora esquecida
Vi em cada linha traçada
Em cada canto de céu
As rimas de uma sina forjada
Os saltos de uma alma empolgada
A fé de uma cidade enganada
E a vida no banco do réu
Passando calor, subindo ladeiras,
Recordando sinistras histórias
De meninos amigos do mundo
De escravos enterrando memórias
Pisei nos calos da rua
E armei barracas na lua
Achei força na terra.
Achei força na chuva.
O barro que forja a tapera
É o mesmo da lama do rio
A vida que na arte prospera
É a mesma que está por um fio."
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