segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Expoderiva 2016 - Cidade de Goiás - Jessica Pinheiro


O que eu concluí derivando
"Eu sou na vida
Eterna entusiasta e suspeita
Para justificar inspirações
Com ternas manhãs de sol
Claras, raras e estreitas.

A verdade a qual me veio
Mais como pontadas de intuição 
E menos como pedidos de oração
Dizia que estava ali para observar
Cada cego daquele passeio
Cada pedra emboscada no meio

Se meus olhos não me dissessem
Se meu coração não gritasse
A cada curva um novo impasse
A alma seria sempre a mesma
A minha, a sua e a da rua

Foi andando e abraçando
As jazidas dos meus sensos 
As graças dos meus espantos
Que não pedi para me perder
Que não hesitei em me desprender
E que me encontrei sem sequer saber

Perdi um medo no caminho
Deixei que o lápis ganhasse vida
Vi que não fora esquecida
A criança fora do ninho.
 
Vi em cada linha traçada
Em cada canto de céu
As rimas de uma sina forjada
Os saltos de uma alma empolgada
A fé de uma cidade enganada
E a vida no banco do réu

Passando calor, subindo ladeiras,
Recordando sinistras histórias
De meninos amigos do mundo
De escravos enterrando memórias
Pisei nos calos da rua
E armei barracas na lua

Achei força na terra.
Achei força na chuva.
O barro que forja a tapera
É o mesmo da lama do rio
A vida que na arte prospera
É a mesma que está por um fio.
"


Jessica Pinheiro de Vasconcelos


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