Início dos anos sessenta. Morava num barracão de fundos na Av. Araguaia, perto da Praça Cívica.
Fazia o primeiro ano ginasial no Ateneu Dom Bosco.
Meu pai trabalhava como contador numa empresa de seguros no edifício do antigo Banco Lar Brasileiro, na Goiás com a rua 2. À noite, dava aulas na Escola Técnica de Comércio de Campinas. Minha mãe, para ajudar nas finanças, fazia salgadinhos e doces por encomenda dos conhecidos e dos amigos dos conhecidos. Eu era, na maioria das vezes, o entregador das encomendas.
Goiânia era uma cidade muito tranqüila, fácil de andar e se localizar. Não havia a insegurança de hoje. A cidade, embora crescendo em ritmo acelerado, ainda não chegara aos 200 mil habitantes. Algumas vezes botava-me um dinheiro na mão e mandava-me fazer compras, quase sempre no Mercado Central – na sua localização original, ali onde hoje está o Partenon Center. Eram duas entradas principais, uma pela rua 6, outra pela 7.
Uma dessas vezes deu-me uma nota de cem, cem cruzeiros – isso mesmo! – e uma lista de 3 ou 4 coisas para comprar. Evidente que não me lembro mais, talvez farinha de trigo, açúcar refinado e manteiga. E lá fui eu. Ou descia um pouco a Araguaia e depois pegava a 6, ou descia direto pela rua 7. Qualquer caminho dava em uma das duas entradas. E em qualquer dos dois encontraria pessoal da turma. Dito e feito. Meia hora de brincadeira.