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Ilustração: ZEBRA DESIGN |
O Barco
Às vezes, sei que desafino,
Sei que dou um nó.
Também sei que desatino,
Se me perco no meu pó.
Não sou de pano, trapo ou engano.
Sou de sangue, pele e suor humano.
Meu choro lava-me nas águas de mim.
Águas que correm, águas sem fim.
Vejo daqui, para meu espanto,
Meu sonho ressurgir do meu pranto,
Passando a bordo de um barco à vela,
Bendizendo o futuro que agora se revela,
Pescando cada rima que naufragou,
Para rumar-me daqui onde estou.
Tenho que partir antes que o dia parta
E me leve a esperança, que ainda é farta.
Aqui, eu não posso ancorar,
E o barco do meu sonho eu preciso remar.